terça-feira, 15 de setembro de 2009

Psicodrama na Fafire

Oi, gente,
há tempos não passo por aqui...
São muitas coisas acontecendo e, entre elas, está a sessão aberta de Psicodrama Social que conduzirei nesta quinta-feira (17.09), no auditório da Fafire. O encontro, aberto ao público, visa informar sobre as diversas áreas profissionais de aplicação do psicodrama. Ocorre das 18h30 às 20h30. O endereço é Av. Conde da Boa Vista, 921, Boa Vista.

Pós-graduação - Em outubro, também na Fafire, vou coordenar e lecionar no curso de especialização em Psicodrama. As inscrições já estão abertas. As aulas são dirigidas para psicólogos, médicos, professores, sociólogos ou qualquer outro profissional que trabalhe com coordenação de grupos.
O investimento é de R$ 40 (taxa de inscrição) + 16 parcelas de R$ 245. A duração é de um ano e quatro meses.
Mais informações: 2122.3500 (Fafire).

terça-feira, 7 de julho de 2009

O que é psicodrama? - o básico

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Venho recebendo feedback sobre os artigos postado nesse blog. O problema é que algumas pessoas que acessam, dizem sentir falta de um esclarecimento prévio. "O que é psicodrama? Gostaria de saber maissobre o ‘básico’".

Bem, quando tal desafio me é lançado, penso que para dar conta teria que escrever capítulos seriados! Pode ser uma ideia...

Mas vou tentar fazer um resumo da estrutura, fundamentos e áreas de atuação.

Antes, porém, vamos esclarecer que psicodrama é uma das vertentes cuja nomenclatura se popularizou, de uma ciência maior e mais abrangente: SOCIONOMIA.
Etimologicamente, a palavra de origem latina significa o estudo das leis que regem o comportamento grupal e social.

Jacob Levy Moreno, criador da teoria socionômica, estruturou-a em três grandes áreas: 1- Sócio dinâmica; 2- Sociometria; 3- Sociatria.

Sociodinâmica: Estuda o funcionamento das relações grupais(Socius-Grupo/Dinâmica-Funcionamento).

Sociometria: Mede, quantitativa e qualitativamente as relações interpessoais (Socius-Grupo/Metria-Medição)

Sociatria: É o tratamento das relações sociais (Socius-Grupo/Atria-Terapêutica).

Ainda dentro desse item, temos os métodos que servem a cada uma dessas áreas: Sócio dinâmica: Método-Role-Playing,ou jogo de papéis; Sociometria: Método-Teste socimetrico; e Sociatría: Método-Psicoterapia de grupo,sociodrama e psicodrama.

Os métodos socionômicos possuem seu conjunto de técnicas específicas e objetivos claros.

O Role-Playing utiliza técnicas de dramatização, espelho, solilóquio etc. Objetiva a melhoria do desempenho dos papéis que jogamos na vida.E que, às vezes, não estão adequados, bem desenvolvidos, assumidos ou criativos.

A má interação dos papéis nas relações interpessoais muitas vezes traz como resultado conflitos e sofrimentos que podem perfeitamente estar relacionado a algumas das falhas no desempenho dos papéis sociais, familiares, psicodramáticos ou psicossomáticos.

Porém, às vezes, o problema surge pela falta de clareza quanto à qualidade dos vínculos e número de eleições que cada pessoa faz ou é submetida nos grupos. Nesses casos, o teste sociométrico, lançando mão de técnicas como questionário, entrevistas, sociograma, confrontos etc, nos evidencia o mapa relacional de um grupo, qualificando e quantificando as relações de cada indivíduo em relação ao grupo e do grupo em relação a cada indivíduo.

Por fim, a sociatria, que utilizando-se dos métodos clínicos (psicoterapia de grupo, psicodrama e sociais: sociodrama) vem auxiliada por um infinidade de técnicas. Prioriza o tratamento das relações interpessoais inseridas na dinâmica grupal, cuidando do indivíduo e do grupo através da ação dramática.

Deixarei aqui nomeado os fundamentos da socionomia, ou como
ficou referido e assimilado na prática, psicodrama.

São fundamentos do psicodrama:
Teoria de papéis; Espontaneidade; Tele; Matriz de identidade; Conserva cultural; Co-inconsciente; Teoria do momento; Catarse de integração etc.
Em outra oportunidade farei considerações a cada um desses itens (olha a idéia dos capítulos seriados....)

Finalmente chegamos as áreas de atuação, possibilidades de aplicação da Socionomia/Psicodrama:

Na prática, quem trabalha na área clínica, com psicoterapia, poderá utilizar-se de todos os métodos e técnicas que estiverem ao seu dispor.Visto que a demanda e o campo de atuação nesse caminho é muito diversificado e eclético.

No setor de educação atuamos com propósito de melhorar e corrigir o processo de ensino-apendizagem. Treinando papéis ou aparando arestas que surgem no funcionamento inter e intra grupal.

No serviço público, sobretudo no atendimento à população, o sociodrama costuma apresentar-se como ferramenta preciosa para a consecução dos objetivos.

Na mediação e intervenção das questões familiares ou de casais.

Nas estruturas organizacionais, institucionais, o Role-Playing, o teste sociométrico e o sociodrama atendem a 100% das necessidades, fenômenos até hoje diagnosticados.

Para terminar ,acho que seria coerente afirmar que, onde existir grupo, relação, afeto, emoção e sensação podemos dizer que existe um campo de atuação para o psicodrama /psicodramatista.

domingo, 10 de maio de 2009

Psicodrama: o futuro é hoje

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Quando no final do século passado participei de um congresso internacional , que reuniu todas as formas de terapias e psicoterapias existentes no planeta, fiquei muito contente ao ver no segundo dia de atividades, a seguinte frase num painel eletrônico que servia ao evento:

“PSICODRAMA: A PSICOTERAPIA DO FUTURO"

Lembro que naqueles anos, todos estavam no clima de se preparar para o novo século, a nova era. O emblemático seculo 21!
Sentia-se, que mesmo sem ter havido ainda o advento do 11/09/2001, precisava-se começar a construir novos paradigmas, novas formas de compreender o mundo e as relações.

Mesmo as explicações e diagnósticos começavam a não mais atender aos novos fenômenos e necessidades socio-psico-emocionais. Eis que nesse encontro (o primeiro do gênero), além das difundidas práticas psicoterapêuticas, teve espaço o psicodrama.

As apresentações dos trabalhos teóricos relativos a abordagem tiveram uma plateia, em numero de participantes, apenas razoável. E o impacto provocado, pode ser considerado medíocre. Parecia que o projeto socionomico, criado por Jacob Levy Moreno, ainda não tinha continente para se expressar, ser compreendido.Ou então , a falta de referência a termos e conceitos popularizados, como Projeção, Complexo de Édipo e Complexo de castração, tiravam a credibilidade e a confiança na seriedade e eficácia do método psicodramático.

Até que, nas atividades previstas para o período da tarde, um sociodrama, dirigido por terapeutas e psicoterapeutas, psicodramatistas dos EUA, atraiu um número significativo de pessoas. Não sei se o fenômeno se deveu a curiosidade , ou se o fato de ser "vivência",tratava-se de uma boa atividade para espantar o sono pós almoço....
Mas, a verdade é que o auditório ficou lotado.

A equipe terapêutica iniciou com um trabalho de aquecimento inespecífico com o grupo, objetivando o surgimento do tema protagônico. E ele surgiu: É possível trabalhar com psicopatas, até mesmo os institucionalizados?

Nesse momento, os presentes que compartilhavam a mesma identidade profissional, os psicodramatistas, se olhavam com um misto de satisfação e orgulho. Pois para a maioria das pessoas presentes, não havia saída. "Sem super-ego não se pode fazer nada", pensavam. “O psicopata é alguém visto como inviável para o tratamento psicoterapeutico”.

O diretor, juntamente com o grupo, começou a se ocupar do aquecimento especifico. O grupo foi elencando com a ajuda dos egos-auxiliares, as falas e opinião sobre o tema. Foi então, que se deu início a construção de cenas que haviam sido arquitetadas pelo grupo.

Ao colocar o corpo em cena, pode-se observar as formas corporais. Elas nos falavam mais que as palavras. E de posse dessas novas informações, os "atores-protagonistas”, puderam , através de insights dramáticos, terem uma nova forma de responder às antigas situações. Perceberam que além da psicopatia, existia uma pessoa e portanto a chance de se formar vínculos.

Também foi possível experimentar que o sentir desses pacientes, embora inacessível, existia. E que as possibilidades de acessá-lo e despertá-lo também pode ser um caminho.

Claro que não se transforma a tipologia ou patologia de alguém em outra. Mas podemos ajudá-las a criar mecanismos reparatórios e instrumentos de ação, capazes de minimizar os danos gerados pelo paciente sobre si próprio ou sobre os que estão na sua "mira".

Após encerrada a dramatização, fomos estimulados a fazer comentários e análises. Aí então, vi, senti e vivi o impacto da força do trabalho e resgate dos conteúdos teóricos. Desta vez, diferente da apresentação teórica, com empolgação e entusiasmo. Na curiosidade, podia-se perceber a confiança; nas polêmicas, a resposta concreta do ato.

Foi maravilhoso compartilhar esse momento e saber que estava muito perto do futuro.
Hoje, já estamos nele e se você ainda não teve oportunidade de experimentá-lo, procure se abrir para mais essa experiência.Tenho certeza que vai ser enriquecedor.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Psicodrama: o ato diante da existência

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Gostaria de compartilhar meu entusiasmo sobre o tema, não porque encontrei minha tribo, ou o seio que me acolhe, ou mesmo uma fórmula mágica para o trabalho. Mas em verdade, há 22 anos me encontro entusiasmada por ter descoberto uma abordagem que me permite trabalhar identificada com ideologia e metodologia, voltadas para o trabalho com grupos, com uma prática que privilegia a ação, pois o ato antecede a fala.

Posso trabalhar com instrumentos artísticos e estéticos que facilitam, e muito, a expressão e comunicação dos sentimentos. Primamos por relações verdadeiras e diretas, entendendo que a relação é composta por pessoas, portanto, seres da mesma espécie o que propicia, na horizontalidade das relações,o encontro com o outro e consigo mesmo. Jamais esquecendo,que a nossa divindade reside em sermos seres criativos e portanto,as possibilidades de resolução,para quem as quer, passam a ser infindáveis.

Dessa maneira, posso me colocar em relação aos grupos e as pessoas que os constituem como facilitadora, mas sem esquecer ou sufocar minha individualidade/subjetividade. Afinal, elas também compõem os instrumentos constitutivos da relação.
Viver Psicodrama é estar em atitude de protagonismo diante da vida.

É não se privar do privilegio de viver o momento.

É se preparar para exercer o dom da criação com responsabilidade e adequação.

É entender que desempenhamos papéis sociais , psicossomáticos e psicodramáticos .

É o vínculo, resultado das interações entre papel e contra-papel. Que nos liga e que mostra a qualidade das nossas relações, para que possamos, sempre em sintonia com o mundo, melhorar mais a nossa capacidade amorosa, criativa, adaptativa e verdadeira diante da existência.