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Quando no final do século passado participei de um congresso internacional , que reuniu todas as formas de terapias e psicoterapias existentes no planeta, fiquei muito contente ao ver no segundo dia de atividades, a seguinte frase num painel eletrônico que servia ao evento:
“PSICODRAMA: A PSICOTERAPIA DO FUTURO"
Lembro que naqueles anos, todos estavam no clima de se preparar para o novo século, a nova era. O emblemático seculo 21!
Sentia-se, que mesmo sem ter havido ainda o advento do 11/09/2001, precisava-se começar a construir novos paradigmas, novas formas de compreender o mundo e as relações.
Mesmo as explicações e diagnósticos começavam a não mais atender aos novos fenômenos e necessidades socio-psico-emocionais. Eis que nesse encontro (o primeiro do gênero), além das difundidas práticas psicoterapêuticas, teve espaço o psicodrama.
As apresentações dos trabalhos teóricos relativos a abordagem tiveram uma plateia, em numero de participantes, apenas razoável. E o impacto provocado, pode ser considerado medíocre. Parecia que o projeto socionomico, criado por Jacob Levy Moreno, ainda não tinha continente para se expressar, ser compreendido.Ou então , a falta de referência a termos e conceitos popularizados, como Projeção, Complexo de Édipo e Complexo de castração, tiravam a credibilidade e a confiança na seriedade e eficácia do método psicodramático.
Até que, nas atividades previstas para o período da tarde, um sociodrama, dirigido por terapeutas e psicoterapeutas, psicodramatistas dos EUA, atraiu um número significativo de pessoas. Não sei se o fenômeno se deveu a curiosidade , ou se o fato de ser "vivência",tratava-se de uma boa atividade para espantar o sono pós almoço....
Mas, a verdade é que o auditório ficou lotado.
A equipe terapêutica iniciou com um trabalho de aquecimento inespecífico com o grupo, objetivando o surgimento do tema protagônico. E ele surgiu: É possível trabalhar com psicopatas, até mesmo os institucionalizados?
Nesse momento, os presentes que compartilhavam a mesma identidade profissional, os psicodramatistas, se olhavam com um misto de satisfação e orgulho. Pois para a maioria das pessoas presentes, não havia saída. "Sem super-ego não se pode fazer nada", pensavam. “O psicopata é alguém visto como inviável para o tratamento psicoterapeutico”.
O diretor, juntamente com o grupo, começou a se ocupar do aquecimento especifico. O grupo foi elencando com a ajuda dos egos-auxiliares, as falas e opinião sobre o tema. Foi então, que se deu início a construção de cenas que haviam sido arquitetadas pelo grupo.
Ao colocar o corpo em cena, pode-se observar as formas corporais. Elas nos falavam mais que as palavras. E de posse dessas novas informações, os "atores-protagonistas”, puderam , através de insights dramáticos, terem uma nova forma de responder às antigas situações. Perceberam que além da psicopatia, existia uma pessoa e portanto a chance de se formar vínculos.
Também foi possível experimentar que o sentir desses pacientes, embora inacessível, existia. E que as possibilidades de acessá-lo e despertá-lo também pode ser um caminho.
Claro que não se transforma a tipologia ou patologia de alguém em outra. Mas podemos ajudá-las a criar mecanismos reparatórios e instrumentos de ação, capazes de minimizar os danos gerados pelo paciente sobre si próprio ou sobre os que estão na sua "mira".
Após encerrada a dramatização, fomos estimulados a fazer comentários e análises. Aí então, vi, senti e vivi o impacto da força do trabalho e resgate dos conteúdos teóricos. Desta vez, diferente da apresentação teórica, com empolgação e entusiasmo. Na curiosidade, podia-se perceber a confiança; nas polêmicas, a resposta concreta do ato.
Foi maravilhoso compartilhar esse momento e saber que estava muito perto do futuro.
Hoje, já estamos nele e se você ainda não teve oportunidade de experimentá-lo, procure se abrir para mais essa experiência.Tenho certeza que vai ser enriquecedor.
domingo, 10 de maio de 2009
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